terça-feira, 29 de abril de 2008

Indústria cultural: algumas facetas do "sucesso do momento"

(Artigo produzido por mim em Dezembro de 2005, durante o curso de Comunicação Social-Jornalismo, para obtenção da 3ª nota da disciplina do 2º bloco-Teorias da Comunicação I).


A indústria cultural manifesta as primeiras características ponteciadoras de sua projeção social a partir da Revolução Industrial, quando grande parte da população, devido as necessidades impostas pelos novos modos de produção, teve de deixar o campo e suas práticas agrícolas para adequar-se ao novo meio, a sociedade urbanizada. Contudo, a definição desse termo, segundo José Marques de Melo, surge no momento de “transição da sociedade industrial para a sociedade da informação”, quando a atividade da indústria cultural encontra-se emergente.

Segundo Adorno e Horkheimer, indústria cultural é o processo no qual os meios de comunicação veiculam e tentam inserir na sociedade, produtos culturais que não tem origem natural das relações sociais, mas que são produzidos pelos “supremos dirigentes” da sociedade de acordo com suas “intenções subjetivas”.

A indústria cultural é caracterizada pelo desenvolvimento tecnológico que, de modo geral, propiciou a reprodução em larga escala de produtos culturais, antes tidos como eruditos, por isso disponíveis apenas aos pertencentes à camada social dotada desse tipo de cultura.

A mídia não só cria produtos, como também promove a descaracterização dos já existentes, tornando-os mais eficazes quanto a sua finalidade comercial, além de determinar o consumo dos mesmos. Ela não pretende, através desses produtos, despertar a consciência crítica da população, incitar questionamentos e atitudes inovadoras, desde que a sociedade não esteja satisfeita com os padrões sociais vigentes, ao contrário, ela visa a alienação e acomodação cada vez mais profunda da massa, determinando uma dependência exacerbada da mesma em relação aos meios de comunicação massiva.

A população não tem vontade própria para decidir o que fazer, usar, enfim, liberdade de escolher o que deve gostar o não. Ela deve optar por aquilo que é imposto pela mídia. Pensamos que temos a liberdade de escolher, quando apenas estamos aderindo uma dentre as inúmeras correntes culturais, mero produto mercadológico da indústria cultural.

Hoje vemos na TV e rádio nacional, um bombardeio de bandas de forró e/ou (forró-brega, brega pop, calipso), é difícil até mesmo fazer uma especificação do termo, devido a descaracterização da essência do gênero musical, conseqüente da intensa atividade da indústria cultural. Dentre elas podemos citar; Calcinha Preta, Líbanos, Calipso, que freqüentemente têm participado de programas como; Domingão do Faustão, Programa Raul Gil, Domingo legal entre outros.

Há pelo menos dois anos atrás, pouco se ouvia falar dessas bandas em nível nacional. O público atingido restringia-se ao das regiões norte e nordeste, principalmente esta última. É importante ressaltar que o caso da Banda Mastruz com leite que há muito é reconhecida nacionalmente, é uma exceção e não será abordado por não constituir-se uma vertente de interesse deste trabalho.

De repente tais bandas emergem e alcançam sucesso em todo Brasil. Tudo isso é muito curioso. Um gênero musical peculiar ao gosto nordestino, povo tão descriminado por outras regiões do País, bruscamente tem um de seus aspectos culturais massificado.

Como a indústria cultural explicaria tal fenômeno? Será que o gosto popular, o valor atribuído (pelo reconhecimento imediato e inchaço da valorização desses elementos culturais) são realmente o que pensamos que são ou são apenas mais um “sucesso do momento” produzido e inserido no mercado pela mídia massiva?







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