quinta-feira, 12 de junho de 2008

A Cultura McWorld faz do mundo os EUA

BARBER, Benjamin R. Cultura McWorld. In: MORAES, Dênis de. Por uma outra comunicação. Rio de Janeiro, RJ: Record, 2003, p. 41-56.

Por Eline Reis

A sociedade vive hoje um processo de aculturação mundial unilateral, em que a cultura americana é pivô, é o que diz Benjamim Barber em seu artigo denominado Cultura McWorld. No trabalho, o autor denomina toda influência econômica, política, enfim cultural, dos Estados Unidos da América, como cultura McWorld.

Nesse novo modelo de sociedade pouco importa as características identitárias das tribos ou cidadãos comuns. Todos são tratados como parte de “uma raça de homens e mulheres consumidores”, ou seja, uma sociedade regida pelo princípio da Indústria Cultural. Dela, também não fazem parte os que a criticam, nem os que buscam difundir uma ideologia social baseada da globalização “sadia”, constituída de cidadãos que respeitam suas diferenças culturais.

Acompanhando a evolução tecnológica, os termos utilizados para designar dominador e dominado também evoluíram, para mascarar a verdadeira face das relações de poder estabelecidas pela McWorld. A falsa reciprocidade reduz a sensação de subserviência dos colonizados, que acreditam fazer parte de um processo benéfico e inevitável, a globalização, sem perder suas raízes. Por outro lado, fortalece uma hegemonia cultural, a americana.

Para exemplificar a tendência mundial à americanização, ou melhor, a presença dessa americanização, o autor cita os Big Mac servidos com cerveja Francesa; a pop music e seus derivados acompanhados de ritmos latinos e reggae circulando nos bairros de Los Angeles. Praticamente em toda do Mundo se encontra um ícone que nos remete a cultura americana, dentre eles estão o Music Television (MTV), McDonald’s e Disneylândia.

Os EUA disseminam a McWorld sem respeitar qualquer fronteira. Dotado de uma riqueza econômica e tecnológica mais forte que valores culturais considerados preponderantes sob quaisquer outros, a McWorld já atinge árabes e a asiáticos, povos com hábitos tão peculiares e tidos como pouco influenciáveis.

Essa nova cultura trabalha com base nas seguintes ações; integrar e uniformizar mundialmente produtos americanos. Os países passam a estar ligados através das “tecnologias da informação, trocas comerciais e pela indústria do espetáculo”. O nacional já não tem tanta representatividade no contexto social da americanização. Agora reinam a economia dos bancos internacionais, a indústria das multinacionais e transnacionais, enfim, todo o aparato relacional que perpassa aquilo que outrora era regional, local, agora é globalizado.

No entanto, essa globalização, como foi comentado pelo o autor no início do artigo, não permite que todos concorram igualmente no mercado, ou mantenham-se isentos de forças sócio-político-culturais que se impõem. A nova soberania (McWorld), não permite que os países controlem sua própria economia e menos ainda influenciem as transações capitais mundiais.

As ideologias políticas tradicionais dão lugar à videologia, uma forma de representação social visualmente mais agradável ao olhas dos cidadãos. Como o próprio nome sugere, a sociedade se torna visualmente irresistível, pois a mente das pessoas está condicionada a supervalorização da estética, das formas materiais. “A cultura está reduzida ao estado de mercadoria. É civilização mercantil”.

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